Professor da rede pública de ensino de Juruaia inova e utiliza bicicleta para aulas de educação física no ensino remoto
16.09.2021
Projeto do professor Fagner Passos foi realizado em parceria com professor do IFSULDEMINAS.De brincadeira de criança à atividade física que desenvolve equilíbrio, coordenação motora e que promove a autoconfiança. A bicicleta caiu no gosto do brasileiro durante a pandemia do coronavírus e foi a atividade física escolhida pelo professor de Educação Física Fagner Passos, e que foi desenvolvida junto à alunos do 4º e 5º ano da Escola Municipal Nair Gaspar de Resende, em Juruaia, para as aulas remotas. O projeto “Pedalando da Educação Física Escolar” foi desenvolvido junto com alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), vinculado ao curso de Educação Física do IFSULDEMINAS- Campus Muzambinho, supervisão de Fagner e Coordenação do professor Arnaldo Leitão, e os bolsistas Maria Eduarda Franco Silva, Isabela Lambardozzi Garcia, Miryan Isis Miranda, Alex Vitor de Assis, Luiz Felipe Silva, Iago Oliveira Garroni de Souza.
O projeto foi desenvolvido no primeiro semestre deste ano com 140 alunos e foi dividido em nove aulas remotas que apresentaram a história da bicicleta, mobilidade urbana, o espaço da bicicleta no trânsito, itens de segurança, paraciclismo, através de vídeos, caça-palavras e uma aula em vídeo que ensinou alunos a andarem de bicicleta.
“A ideia surgiu na pandemia e não tinha outra alternativa a não ser se distanciar e a gente pensou em possibilidades com os alunos. E eu tive a alegria de entrar como bolsista do programa do IFSULDEMINAS que é o Pibid. Consegui entrar como supervisor e junto com estudantes de educação física, e o coordenador, a gente começou a pensar em como a gente iria passar por este momento. Querendo, ou não, a educação física foi muito afetada, porque a gente ensina a criança através do movimento e como a gente iria ensinar a criança à distância? Já tinha uma inquietação com a bicicleta, sempre gostei do conteúdo e nunca encontrava maneiras de desenvolver na escola porque esbarrava na questão de material. E nesses encontros do PIBID a gente criou um material didático digital para usar neste momento de pandemia”, explicou o professor Fagner, que ressalta que o uso de bicicleta em aulas de educação física no Brasil ainda é raro.
Ao fazer o levantamento, o professor identificou que 80% das crianças tinham acesso à bicicleta.
“Todo mundo tem a bicicleta como brinquedo e chega um ponto que ela faz parte da sua cultura. É um brinquedo que você ganha, mas se fura um pneu você deixa encostada e nunca mais usa e perde o sentido da bicicleta. E o que gente queria era que desencostasse dali de um jeito. A gente viu que a taxa de pessoas que tinham bicicleta era alta, mas quem não tinha bicicleta, como a gente iria fazer? A gente começou a pensar em alternativas. A ideia é o e-book porque quando você clica no link vai direto para o vídeo. Quem não tinha, a gente fez a impressão do material pela prefeitura. Quando apresentei para a Bia (Secretária de Educação, Cultura e Esporte) e para a Luciane, as supervisoras também ajudaram na atualização do material com algumas dicas de atividades pedagógicas. O grupo de whatsapp é o nosso contato direto com o aluno e a cada semana a gente disponibiliza uma aula”, ressalta o professor
Autoconfiança
Subir em uma bicicleta e andar sem as rodinhas era o grande desafio da aluna Elen, de 10 anos.De acordo com a mãe da estudante, a costureira Marli Aparecida de Melo Silva, de 31 anos, há mais de um ano que ela e o marido incentivavam a criança a tirar a rodinha da bicicleta.
“Ela já sabia andar de bicicleta, mas com rodinha. Ela não tinha confiança necessária para tirar a rodinha e a gente até já tinha tentado, mas ela ficava muito nervosa e perdia o equilíbrio. Quando começou o projeto foi um incentivo a mais para ela tirar a rodinha. Aí com as aulas práticas para ela poder aprender o equilíbrio antes de pedalar, a gente tava ensinando errado, segurando nela para ela sair andando. E quando a gente soltava, ela perdia o equilíbrio. Quando veio as aulas mostrando o jeito de ensinar, ela foi primeiro aprendendo a remar, empurrando com os pés e pegando equilíbrio, de repente, do nada, ela saiu pedalando. Ela ficou muito feliz. Coloquei até o grupo da família que ela tinha aprendido a andar de bicicleta. Com dez anos e ainda não tinha confiança para sair por aí pedalando, todo mundo pedalava e ela não conseguia tirar a rodinha” relembra Marli.
“No começo eu estava com medo porque eu não sabia como era, tinha medo de cair, mas com o projeto aí eu consegui perder o medo. É um exercício muito bom e eu gosto de sair junto com a minha família pedalando”, alegra-se a pequena Elen Vitória da Silva.
Para a mãe, as aulas de bicicleta da rede pública trouxeram autoconfiança para a criança e aproximaram a família.
“O professor foi explicando qual bicicleta seria melhor, porque tem a pequena da irmã dela, eu achei que ela poderia ter mais confiança, mas não deu certo porque a bicicleta é muito pequena. Incentivou até mesmo a gente a pedalar. Tinha algumas bicicletas aqui paradas, a gente arrumou e incentivou. Hoje a gente comprou mais uma bicicleta, comprou cadeirinha para as duas irmãs menores. A mais nova já aprendeu, com cinco anos, a pedalar sem rodinha de ver a outra pedalando sem rodinha. Eu agradeço o professor porque mudou a vida de todo mundo aqui em casa. Ficava parado, não fazia nada, agora a gente tem esse lazer em família. Foi algo que a gente trouxe para a nossa vida”, afirmou Marli.
O professor explica que um dos maiores desafios para as crianças aprenderem a andar de bicicleta é o equilíbrio. “Ela precisa se desequilibrar e conseguir se manter. O segundo ponto é o desenvolvimento motor dela, da questão de estar promovendo movimento. E num processo educacional a questão de relacionar com o mundo, de ver que este ambiente também faz parte da cultura dela, que ela pode aprender através da bicicleta, que ela pode conhecer pontos turísticos com a bicicleta, que ela pode dividir o mesmo espaço com moto, com carro e com caminhão. Tanto desenvolvimento motor quanto de relacionamento”, disse Fagner.
Para a secretária de Educação, Cultura e Esporte de Juruaia, Beatriz Castro, o projeto mostra como a Educação Física exercida por profissionais criativos pode trazer benefícios para os estudantes para toda a vida. “Com a pandemia, as aulas de Educação Física foram um desafio para a escolas, porque além das disciplinas teóricas, a Educação Física ajuda no desenvolvimento físico e motor dos estudantes, mas o resultado do projeto foi mais além: ele trouxe autoconfiança para as crianças mostrando que elas são capazes de superar os limites delas”, ressaltou a secretária.
Experiência será apresentada em congresso
A experiência de Juruaia com o uso de bicicleta nas aulas de Educação Física será apresentada em dois congressos remotos. O XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (Conbrace) e IX Congresso Internacional de Ciências do Esporte (Conice).
“É um dos congressos mais importantes do Brasil com relatos de experiências. E justamente contando sobre esta experiência de produzir algo inédito e colocar Juruaia como local de experiência nosso. Esse trabalho será apresentado em dezembro, mas ele já foi aprovado, inclusive o mesmo trabalho foi apresentado dias atrás em outro congresso, que foi o Congresso Íbero Americano de Tecnologia e Mídias na Educação Física que é uma rede de universidades do Brasil, da Espanha e Chile. A gente está ganhando uma proporção muito grande pelo o que a gente se propôs”.
Fotos: Reprodução Prefeitura de Juruaia

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