Erro médico, trabalho e suor: trilha de Teresinha ao pódio vai além dos 100m
12.09.2016
Corredora brasileira ganha bronze cinco anos após conhecer esporte paralímpicoO caminho até a medalha de bronze foi muito mais longo do que os 100m percorridos no Engenhão. Até conhecer o esporte paralímpico e descobrir o talento nas pistas, Teresinha de Jesus precisou se virar para sobreviver.
Com uma amputação no braço esquerdo devido a um erro médico grosseiro na infância, a brasileira vendeu frutas, trabalhou como empregada doméstica, em uma papelaria e entregando marmitas. Encarou todos os desafios possíveis e hoje, aos 35 anos, sorri com a satisfação de quem alcançou o ápice fazendo o que ama.
Teresinha ficou em terceiro lugar na final dos 100m na classe T47, para atletas com amputação ou lesão semelhante nos membros superiores, com o tempo de 12s79. Era a segunda mais velha no balizamento, perdendo neste quesito apenas para a compatriota Sheila Finder, que cruzaria em sexto lugar. Apesar da idade, tem pouquíssimo tempo no paradesporto.
Natural de Caxias, no Maranhão, Teresinha só teve o primeiro contato com o atletismo em 2011, em Londrina, onde mora atualmente. A evolução foi muito rápida. Disputou uma etapa regional, depois uma do Brasileiro, e quanto se deu conta já estava representando o Brasil no Mundial e no Parapan. Neste domingo, brilhou na pista azul em sua estreia em Paralimpíadas – ela ainda correrá os 200m e os 400m.
- Sempre me perguntava por que só fui conhecer o esporte com 32 anos. Acredito que Deus sabe o que faz. Esse era o momento certo. Se eu tivesse conhecido antes talvez não teria o mesmo desenvolvimento. Quando a gente entra na pista para correr nunca sabe o que pode acontecer. Hoje (domingo) realmente, fiquei bastante nervosa. Passei a linha e não vi a colocação. Quando vi meu nome, realmente foi uma emoção única. As pernas falharam, me joguei no chão. Foi emoção pura.
A lesão de Teresinha teve origem com um erro médico grosseiro. Ela tinha oito anos e brincava com as primas quando sofreu um acidente. Ao pular uma cerca, escorregou e caiu com o braço para trás, sofrendo fratura exposta. A mãe a levou ao hospital, mas o tratamento recebido foi mal feito e gerou a consequência drástica.
- O médico fez um procedimento errado. Com três dias estava gangrenado, infeccionado e teve que amputar. Ele falou para minha mãe: ou você permite que ela morra ou que fique sem braço. Essa foi a escolha da minha mãe e provavelmente por isso estou aqui hoje.
Teresinha deixou o interior do Maranhão rumo à capital São Luis aos 13 anos de idade, mas a vida não ficou mais fácil por isso. Mesmo nova precisava trabalhar para ajudar a família, e a limitação física fechava também algumas portas no mercado de trabalho. Assim, precisava aproveitar as chances que surgiam.
Já fui babá, entregadora de marmita, trabalhei em casa de família, em restaurante entregando marmita, já trabalhei em papelaria, fui vendedora... Vendia banana quando criança, vendi tomate... – enumera.
Se o passado é cheio de lembranças de esforço e suor, Teresinha hoje tem motivos de sobra para sorrir. No campo pessoal, viveu a felicidade de reencontrar o pai. E neste domingo conquistou a sonhada medalha. É um conjunto de alegrias que a deixam sem medo de novos desafios na pista.
Hoje estou muito feliz. Esse ano reencontrei meu pai, fazia 30 anos que não o via, não sabia se estava vivo ou morto. Foi um ano de realizações na minha vida. Se deus permitir estarei em Tóquio.
*Foto: Globo esporte.

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