A primeira parcela do acordo judicial feito entre a Grão Verde, armazém de Muzambinho (MG) e produtores rurais, está atrasada. A empresa deixou de pagar os produtores em agosto do ano passado.

Conforme audiência de conciliação realizada em 11 de maio, ficou decidido que a dívida seria parcelada ao longo deste ano pela empresa, com a primeira parcela a ser paga em 20 de junho. Entre os credores, estão cerca de 300 produtores rurais de Botelhos e Muzambinho.

"Na audiência ficou definido um pagamento para 20 de junho, outro para 10 de julho e outro para 10 de setembro. Houve a frustração desse pagamento e mais uma vez os produtores ficaram sem receber. Nós ainda não tivemos a comunicação oficial da empresa do porquê do não pagamento na data prevista", disse o presidente dos Agricultores Familiares de Muzambinho, Cleber Marcon.

Ainda conforme o representante do sindicato, muitos produtores contam com o dinheiro para que possam realizar a nova safra de café.

"Já se passaram muitos meses, muitos produtores o que eles tinham de dinheiro era a colheita de café, que ficou retida no armazém e agora entrando a safra, eles necessitam de recursos para fazer essa safra e com essa falta de pagamento, muitos já tinham feitos compromissos com esse pagamento, que não estão vindo a honrar neste momento", disse Marcon.

O proprietário da Grão Verde, Claudinei Montever informou que embora tenha entrado com pedido de recuperação judicial em março deste ano, ele não foi oficializado e no dia do acordo em 11 de maio o processo tramitou como recuperação judicial, quando deveria ter tramitado como procedimento comum. Isso, segundo ele, acarretou no fato de que a empresa teve o nome negativo junto a órgãos de segurança do consumidor e ele diz que agora tem investidores, mas que não puderam injetar o dinheiro na empresa justamente porque ela estava com o nome negativado.

Ainda segundo o proprietário da empresa, esse problema foi solucionado na segunda-feira (28) e até esta quarta-feira (30) fará o pagamento para todos os produtores que entraram com a ação com os dois sindicatos.

Em contato com o juiz da comarca, Flávio Schimidt, ele informou que não havendo o pagamento e o descumprimento, as partes devem entrar com pedido de cumprimento da sentença. Caso ela não seja cumprida, as penalidades acordadas serão aplicadas.

Dez meses de impasse

Tudo começou no fim de agosto de 2020, quando pagamentos que deveriam ser feitos para os produtores não caíram na data programada e eles não conseguiram respostas. O proprietário chegou a se reunir com os produtores e ele informou que estava com problemas com a emissão de notas fiscais.

No dia 31 de agosto, a cooperativa ficou fechada. Durante esse tempo, produtores se manifestaram na porta da cooperativa e um deles deu até um tiro na porta. No dia 3 de setembro, representantes dos sindicatos, produtores e representantes do armazém de café se reuniram para tentar buscar uma solução para o problema.

No dia 10 de setembro, o armazém reabriu. Foram disponibilizadas senhas para os produtores serem atendidos, sendo no máximo 30 por dia. Segundo os sindicatos, pelo menos 300 produtores disseram ter dinheiro a receber do armazém.

Em março deste ano, a empresa entrou na Justiça com um pedido de recuperação judicial. A Grão Verde alegou, na oportunidade, não ter dinheiro para pagar os produtores. Mesmo assim, ela precisou fazer os pagamentos da dívida acordados. Com esse pedido, a empresa ganhou um prazo a mais para realizar esses pagamentos.

Além de Muzambinho, a empresa também tem armazéns em Cabo Verde e Botelhos. Desde então já foram feitas audiências nas três cidades. A maioria dos produtores ainda não conseguiu receber.