Reportagem Especial da EPTV mostra o distrito São Bartolomeu de Minas, em Cabo Verde, MG

22.05.2017

Fundado por protestantes, o distrito foi o tema da Reportagem Especial exibida no último sábado (20).

A reportagem especial do último sábado exibida no jornal da EPTV Sul de Minas, contou a história do Distrito de São Bartolomeu de Minas que fica no município de Cabo Verde (MG). Ele foi fundado por protestantes no século 18 que sofriam com a intolerância religiosa da época. Foi no distrito que eles encontraram uma forma de exercer a fé e hoje, protestante e católica, convivem em harmonia e participam dos cultos com liberdade e respeito.

 

A igreja cheia e os hinos são prova da fé em Jesus Cristo, onde famílias do Distrito se reúnem toda semana. A escolha pela religião faz parte da vida de pessoas de todas as idades. Segundo o pastor Leandro Batista da Silva, da Igreja Presbiteriana Independente, a igreja é de origem reformada do século XVI, e que é uma igreja calvinista onde eles protestam a fé em Cristo Jesus.
 
Mas nem sempre foi assim, entre os séculos XVI a XIX, presbiterianos seguidores de Lutero e João Calvino, líderes religiosos e protestantes eram perseguidos torturados, queimados e mortos pela Santa Inquisição. A resistência a esses religiosos chegou ao Brasil e ao Sul de Minas ao mesmo tempo em que os interesses pela bíblia e pelo protestantismo também cresciam. 

 

Entre eles estavam promotor de justiça Antônio de Pádua Dias e Francisco de Assis Dias, que entre 1873 e 1884, sofreram preconceito, mas ao mesmo tempo ganhavam seguidores e apoiadores. Foi assim que um homem decidiu comprar terras em uma área rural a 7 km de Cabo Verde, um lugar onde os presbiterianos podiam morar e praticar a religião, o Distrito de São Bartolomeu. 

 

O historiador Hamilton de Souza Filho, nascido no distrito, pesquisa essas histórias, são casos contatos de pais para filhos e registrados em poucos manuscritos.  “São Bartolomeu nasceu e cresceu sendo uma propriedade privada da Igreja Presbiteriana isso até no ano 1982 em que o prefeito da época de Cabo Verde adquiriu da Igreja Presbiteriana para poder fazer toda a estrutura do bairro”, disse o historiador.

 

Livres para praticar a fé, os moradores se reuniam nas casas e nos sítios para fazer os cultos evangélicos, até que dez anos depois, um morador muito influente na cidade decidiu construir o primeiro templo da Igreja Presbiteriana de São Bartolomeu, que já foi demolido, mas vieram outras: a igreja Presbiteriana Independente e a Igreja Presbiteriana Conservadora que existem até hoje no distrito.

 

Se por aqui todos viviam em harmonia o mesmo não acontecia quando era preciso ir a Cabo Verde. Final do século XIX e os 7 km que distanciam Cabo Verde de São Bartolomeu significavam uma separação e uma intolerância religiosa muito grande entre católicos e protestantes, que não podiam frequentar os mesmos lugares. Nem o cemitério de Cabo Verde podia ser usado, por isso foi preciso improvisar um cemitério em São Bartolomeu, os protestantes eram enterrados em um terreno.

 

Assim a história da formação de São Bartolomeu se difere de outros municípios e povoados de Minas Gerais, isso porque a maioria deles se formou em torno da Igreja Católica. No distrito não foi dessa forma, lá a capela de São Bartolomeu só foi construída 40 anos depois da formação do bairro. 

 

De acordo com o padre Henrique Neveston da Silva, uma família doou um terreno de 2000 metros que não fazia parte das terras do distrito para que fosse construído um templo para os católicos. A capela foi construída no final da década de 1930.

 

A reportagem destacou que uma dúvida ainda paira sobre o distrito, com relação à origem do nome católico dado ao local. Muitos acreditam que faz referencia à noite de São Bartolomeu na França, um episódio de assassinatos em repressão ao protestantismo no século XVI, mas pode ser apenas uma grande coincidência.

 

O padre Henrique acredita ser coincidência. Segundo ele, a origem de Cabo Verde se dá quando o desbravador Veríssimo João de Carvalho chega nessa região e o dia de chegada, 24 de agosto de 1762, era dia de São Bartolomeu e então aquelas famílias que habitavam o local desde o princípio tiveram o santo como patrono.

 

Alguns moradores acham que distrito deveria levar o nome de um dos fundadores, Antônio de Pádua Dias, já que ele é de lá e que começou a igreja presbiteriana.

 

Ao fim da reportagem, foi destacado que independente de nomes e escolhas, a história deixa a lição da tolerância religiosa. O exemplo citado foi o do casal Bernadete Lourdes Carvalho de Souza e Carlos de Souza. Ela é católica e ele presbiteriano. Eles tiveram que lutar pelo amor, namorando 13 anos escondido até o casamento apenas no civil, em cerimônia religiosa realizada na igreja presbiteriana, depois de dez anos e quando o casal já tinha dois filhos. Bernadete contou ainda que teve uma benção do papa para o casamento, que já dura 35 anos.

 

 

Foto: Reprodução EPTV

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Fonte - EPTV Sul de Minas Autor - Redação Atividade FM

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