A greve dos professores estaduais em Minas Gerais foi iniciada no dia 15 de março. Muitas escolas no Sul de Minas aderiram ao movimento. Em Muzambinho, a Escola Estadual Salatiel de Almeida iniciou a greve na última segunda-feira (20). 

A paralisação, segundo o sindicato da categoria, o Sindute, é um protesto pelo cumprimento do piso salarial dos professores em Minas Gerais e contra a reforma da previdência, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287) feita pelo Governo Federal que prevê mudanças na aposentadoria.

Os professores Renato de Carvalho Ellis e Willian Mancini Vieira estiveram nos estúdios da Rádio Atividade FM e concederam entrevista ao programa Bom Dia Atividade Especial, para falar sobre o assunto.
 
Segundo os professores as reivindicações da categoria também são o pagamento das férias prêmio dos servidores aposentados que não tiraram no período e que tem o direito de receber em espécie; a desvinculação do direito das férias a perda das aulas de extensão; a diminuição do número de alunos por sala; o pagamento em dia pelo governo até 5º dia útil.

Os professores destacaram também que o movimento é contra a reforma da previdência, que prevê mudanças na aposentadoria, que atingirá toda a classe trabalhadora. Segundo eles, somente as aulas do magistério estarão mantidas na escola.

Os professores conversaram com os alunos, explicando os motivos da paralisação e a greve tem o apoio da comunidade em geral, pois essa reforma vai afetar negativamente todos os trabalhadores. Ainda de acordo com eles, as aulas perdidas depois serão repostas.

Na última segunda-feira, os professores da escola também participaram da reunião dos vereadores, na qual o professor Renato fez uso da tribuna falando sobre a greve.

Na entrevista os professores explicaram sobre a reforma da previdência, que vai ser prejudicial em todas as áreas trabalhistas. O tempo de trabalho/contribuição será muito maior. Na análise dos professores, o mercado de trabalho ficará mais saturado e jovens terão menos oportunidades, o que deve aumentar o número de desempregados. Segundo os professores, não há déficit na previdência social, pois já foram feitos estudos que comprovam isso e o país arrecada muito. 

Na avaliação dos professores, as manifestações podem sensibilizar o governo desde que as pessoas continuem lutando. É necessário que todas as categorias sejam firmes nos protestos e continuem lutando por seus direitos.

Os professores também falaram sobre a reforma do ensino médio, avaliando a questão da escolha por áreas de conhecimento, questionando sobre o que acontecerá com os profissionais se os alunos não escolherem determinadas áreas; como será o investimento em estrutura de laboratórios; no caso do ensino integral, como as escolas poderão comportar o número de alunos sem investimento, já que com a aprovação da PEC que limitou o teto dos gastos, os investimentos em educação serão sacrificados.

Além disso, Renato e William avaliaram também que pode haver um aumento na desvalorização e desmotivação dos professores, já que a reforma do ensino médio prevê que pessoas com notório saber, sem formação profissional poderão ministrar aulas. 

Ao final da entrevista os professores falaram que apesar de todas as dificuldades, a educação ainda é a melhor forma de recuperar o país, de romper todas as barreiras. 

Eles também convidaram a população a lutar contra a reforma da previdência. Eles estão reunidos nesta sexta-feira (24) na escola Salatiel, à disposição das pessoas que quiserem saber mais sobre o movimento grevista. Hoje também deve acontecer uma reunião para a definição dos rumos da greve.

Foto: Redação Atividade FM