Ministério Público do Trabalho encontra 60 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Nova Resende

13.08.2015

Homens, mulheres e crianças estavam em fazenda na cidade. Alojamento foi interditado e os trabalhadores levados para Guaxupé.

Uma operação realizada pelo Ministério Público do Trabalho fiscalizou fazendas de quinze cidades do Sul de Minas. Em todas elas, foram encontradas irregularidades, mas uma propriedade em Nova Resende (MG), pertencente ao pai do Deputado Estadual Emidinho Madeira (PTB), chamou a atenção dos fiscais. O MPT chegou ao local após uma denúncia anônima.

 

Segundo o procurador José Pedro dos Reis, no local foram encontradas condições de trabalho análogas à escravidão.

 

"Uma surpresa bastante grande da minha parte, porque encontramos a situação análoga de escravo e aliciamento de pessoas. Foram as piores condições que eu já vi durante todo meu trabalho desenvolvido como procurador do trabalho", diz.

 

Carlos Tomas, advogado do Emídio Alves Madeira, negou que haja trabalho escravo na fazenda. Segundo ele, as condições de trabalho estavam adequadas, e foram os trabalhadores que não se adaptaram às acomodações. Ele disse ainda que alguns lavradores ganhavam mais de R$ 6 mil e muitos tinham carteira assinada. O advogado acredita que seja um caso político.

 

Já o deputado estadual Emidinho Madeira informou que vai aguardar o fim das investigações para se pronunciar sobre o caso.

 

Situação da fazenda
De acordo com os procuradores, na fazenda, chamada Santa Efigênia, trabalhavam 60 pessoas. Entre elas, menores de idade, que vieram do Nordeste.

 

"A gente saía às 5h da manhã, chegava de tardinha. Não tinha EPI (equipamento de proteção individual), não tinha nada", conta Edna Macedo de Souza, que trabalhava na lavoura.

 

"Acordar 4h da manhã pra fazer comida e ir a pé pra lavoura uns 2 km é escravo. Eu me sentia escravo", afirma o trabalhador Evandro Batista Ribeiro.

 

A também trabalhadora Magda Pereira Macedo diz ter sido enganada por um 'gato', homem que fez a negociação entre os lavradores e o fazendeiro. Ela conta que foi contratada por R$ 150,00 por dia, mas nunca recebeu.

 

"Agora ele descontou passagem no nosso pagamento, não me deu nada. As fichas que eu ganhava, ele recebia tudo de volta. E quando foi no final, ele falou que eu ainda estava devendo", diz.

 

Os procuradores registraram a situação em que os lavradores viviam. Um dos alojamentos era dividido por oito pessoas. O auditor Valdemir Curcioli afirma que também foram encontradas irregularidades na lavoura.

 

"Lá no local da colheita, o empregador não fornecia, não disponibilizava para os trabalhadores um local adequado para fazer as suas necessidades. Eles não estavam trabalhando com os equipamentos de proteção individual necessários. Tinha quatro menores trabalhando, inclusive, um deles, com 12 anos de idade. Eles foram afastados imediatamente da colheita", explica.


O alojamento foi interditado pela procuradoria do trabalho, e os trabalhadores levados para o sindicato da categoria em Guaxupé (MG), onde fiscais fizeram as homologações.

 

Depois de receber os salários, os trabalhadores voltaram para o estado da Bahia. Já o proprietário da fazenda deve ser autuado pelas irregularidades encontradas.

 

*Foto: EPTV

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Fonte - G1 Sul de Minas

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