Alisson Henrique Bernardes da Silva, aluno do 9º ano “B” da Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida de Muzambinho (MG) e a professora Prof. Maria Hilma Marques Silveira, estão entre os finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa “Escrevendo o Futuro” de 2014. 

Os representantes da escola foram premiados com medalhas em Porte Alegre (RS) por chegar à fase final. 

Alisson escreveu a crônica com o tema “O Lugar Onde Vivo” e o título “A Sociedade Secreta das Galinhas”.  O estudante desenvolveu um texto referente à polêmica do decreto municipal sobre a proibição de criação de aves e suínos no perímetro urbano. 

Leia o trabalho abaixo: 

Cá estamos em Muzambinho, a cidade pacata que virou notícia por algo inusitado: as galinhas. Na verdade, o motivo de atenção da mídia aqui é a lei que proíbe a criação dos pequenos bichinhos em zona urbana. Pobres galinhas! Algumas pessoas concordam, outras discordam. Acham um absurdo criar uma lei sobre algo sem importância. Os ladrões de galinhas estão indignados... A fonte de renda deles, quem vai garantir? E a opinião das benditas aves em questão não conta? Você deve estar pensando... Como assim, as galinhas nem sabe pensar! Aí que você se engana. Elas não estão gostando nem um pouquinho da novidade. E como sei disso? Bom, é complicado explicar, mas vamos lá...

Dona Teresinha é uma senhora muito simpática de incríveis noventa e oito anos. Não se engane, pois ela está esperta que nem criança. Mora em um casebre pequeno, pero da velha cooperativa sozinha, ou melhor, com suas muitas galinhas. As vezes vou lá tomar café. Ela faz umas quitandas caseiras que são uma delícia. Entre nossas boas conversas, ela me contou algo difícil de acreditar. As galinhas sabem falar! Estranho né? Eu sei, mas é verdade. Eu vi, ou melhor, eu ouvi elas conversando entre si. Estavam nervosas, chamando todas as galinhas da vizinhança. O galo Zé tentava organizar aquela bagunça. Propunha uma revolta e a vingança era minuciosamente planejada. Todos davam seus palpites...

Chegando vagarosamente, Risoleta, a mais velha do quintal, resmunga.

- Loucos! De nada isso vai adiantar. O fim das galinhas caipiras já está traçado. Os humanos preferem aquelas metidas galinhas de granja.

Zé retrucou prontamente:

- Falar é fácil! E quem vai dirigir? Você? Prefiro virar ensopado - diz Risoleta já se retirando indignada.

Alguém, do meio do galinheiro, em piados tristes diz:

- Ela tem razão. Tudo isso é loucura. Somos meras galinhas...

- É assim? Vamos ficar de bico calado? Querem acabar no almoço de sábado? - O galo ergue a crista e sobe no poleiro mais alto. - O negócio é o seguinte: vamos sequestrar o tal prefeito! É fácil! A gente avisa o papagaio que mora lá perto e depois...

- Olhem lá o garoto na janela! - O garnisécanta alto e todos olham em silêncio para mim. Dona Tereza rapidamente fecha a janela e me manda embora de um estalo.

_ Você não viu nada! Leva umas bolachas para comer depois.

Não consegui escutar o resto da conversa, mas já não duvido de nada. Bom, isso é tudo o que sei.

Contei a um amigo e ele me chamou de mentiroso. Já era de se esperar. Quanto a você acredite se quiser, mas tenho certeza que elas estão planejando algo grande, quem sabe a terceira guerra mundial... Não se espante se um dia as galinhas dominarem o mundo. Só não diga que não avisei!

A fase final da Olimpíada de Língua Portuguesa será no mês de dezembro, e ao todo, são 152 finalistas selecionados em quatro gêneros textuais como: Poemas, Memórias Literárias, Crônica e Artigo de Opinião. Os 20 escolhidos, entre alunos e professores, irão receber medalhas e notebooks, e as escolas serão equipadas com um laboratório de informática, com computadores, impressora, projeto, telão e livros.