Conceição da Aparecida enfrenta falta de soro contra picada de cobra
14.02.2017
Trabalhador rural esperou quase 24h para ser transferido pra Alfenas. Mudança feita por Ministério da Saúde tem desabastecido municípios.O caso de um trabalhador rural de Conceição da Aparecida (MG) reflete um problema que várias cidades do Sul de Minas têm passado: a falta de soro antiofídico. José Rivaldo da Silva foi picado por uma cobra na cidade e teve que esperar quase 24 horas para receber a medicação. Ele teve que ser transferido para o Hospital Alzira Velano, em Alfenas (MG), onde está internado há mais de 15 dias. A família acredita que a demora agravou o estado de saúde dele.
Silva trabalhava em uma plantação de café quando sentiu a picada na mão direita. Ele procurou em volta e, segundo a família, viu uma cobra de cor escura, mas não soube identificar qual era. Com medo, preferiu correr pra casa pra pegar o carro e seguir para o hospital da cidade.
Já internado, ele não recebeu o soro antiofídico. Um documento apresentado pela família mostra que ele teve que esperar das 11h30 do dia 28 de janeiro, quando deu entrada na unidade, até as 9h30 do dia seguinte, quando foi transferido para Alfenas.
"Eles chegaram até a pedir o soro, mas depois eles mesmos falaram que não precisava mais do soro", afirma a mulher de Silva, Alexandra de Fátima Araújo Silva.
O secretário de Saúde de Conceição da Aparecida, Edson Soares da Costa, explica que a transferência só aconteceu depois desse período por uma recomendação médica, já que o paciente não sabia por qual tipo de cobra tinha sido picado.
"A gente tem duas classes de serpentes, a bultrópica e a crotálica. Não se sabendo, deve se fazer uma observação para ver a evolução do quadro clínico do paciente. Então isso foi feito. No decorrer dessas 12 horas, quando foi repetir os exames segundo a recomendação do hospital que é referência, o quadro do paciente havia agravado. Então o médico teve a atenção de colocá-lo na ambulância e referenciá-lo para a cidade de Alfenas."
Sem soro
Só que normalmente a transferência nem teria que ser feita. Segundo o secretário, desde 2015, não só Conceição da Aparecida, mas várias cidades do país estão com desabastecimento do soro antiofídico.
Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que os laboratórios que produzem o soro distribuído no Sistema Único de Saúde (SUS) estão passando por readequações para atender às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como estratégia, pra reduzir o impacto da diminuição da produção, o ministério solicitou aos estados a alocação das doses em áreas de maior risco de acidentes.
Na região de Conceição da Aparecida, o soro está ficando justamente em Alfenas. "A gente deveria ter o soro dentro do município, não só de Conceição, mas de todas as cidades que vive em cima da agricultura, porque o percentual de aumentar o risco de acidentes com serpentes, a vítima fica muito suscetível", completa Costa.
O Ministério da Saúde disse ainda que não tem previsão de quando a situação nos laboratórios de todo país volte ao normal.
Risco
No caso de Silva foi preciso fazer até hemodiálise, porque os rins foram muito afetados. A família acredita que o estado de saúde dele se agravou por causa da demora. "Ficou insistindo: 'você tinha que saber qual é a cobra, você não conhece cobra'? Ainda ficou insistindo com ele. Aí ele disse: 'não sei, eu estava sozinho, fiquei com medo de passar mal'. Eu acho que foi erro dele [do médico] sim, porque eu acho que devia ter trazido o soro e transferido ele antes", afirma Alexandra.
Após ficar duas semanas na UTI do Alzira Velano, Silva foi transferido do setor e continua internado no hospital. A instituição informou que ele deve ter alta nos próximos dias. Apesar do susto, agora a torcida é pra que ele se recupere e volte pra casa o quanto antes. "Deus ajude que ele melhore cada vez mais e que ele volte como era, sem sequelas", finaliza Alexandra.
Foto: Reprodução EPTV

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