Uma medida de economia da Prefeitura de Monte Belo (MG) transferiu cerca de 70 alunos do ensino fundamental na zona rural para estudarem na cidade. Com isso, alguns estudantes levam quase duas horas para chegar à escola, tendo que levantar até às 4h. Os pais reclamam ainda das condições da estrada de terra e que os estudantes não foram avisados com antecedência.

A medida transferiu os alunos do 6º ao 9º período que estudariam na escola do distrito Santa Cruz. Todos os dias, eles precisam chegar mais cedo na entrada da escola para pegar um ônibus que os leva até a cidade.

“Eu acordei 4h20 pra colocar ele pra escola”, conta Vanessa Cristina Ruela com o filho no colo. “O ônibus passa lá não é nem 5h. Aí levantar uma criança desse tamaninho, pra vir e ficar aí... cadê o portão [da escola] aberto, cadê um responsável pelas crianças? Aí a gente acha ruim, cadê os direitos das crianças?”

Muitos pais reclamam ainda que não foram avisados com antecedência. “Nós ficamos sabendo só por causa de uma reunião dos motoristas e eles falaram, por isso nós ficamos sabendo. Nenhum comunicado [oficial]”, afirma Vilda Moreira Silva, mãe de outro aluno.

As condições da estrada também deixam muitos pais preocupados. “Essa estrada é péssima e é muita criança pequena que vai, aí quando chove fica tudo ‘encravado’”, afirma Cleila Maria Rocha.

Nesta segunda-feira (6), primeiro dia de aula após o recesso de fim de ano, os estudantes chegaram à nova escola em cerca de 35 minutos, mas ainda apreensivos com a mudança. “Tem muito lugar que tem muito buraco, está meio ruim. Se chover muito mesmo, quando chover, não dá pra vir”, conta a estudante Alice Aparecida da Silva, de 14 anos.

Os pais gostariam que a transferência fosse repensada. “Pelo menos deixar as crianças do jeito que eles estão aqui, porque aí os pais não precisam se preocupar tanto pelas estradas ruins”, pede Sérgio Aparecido Gomes, pai de um dos alunos da escola.

Segundo a Prefeitura de Monte Belo, essa transferência foi necessária pra economizar. A administração foi procurada para informar de quanto é essa economia e sobre as reclamações dos pais, mas ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.

Foto: Reprodução EPTV