Achocolatado ingerido por criança que morreu foi envenenado, diz laudo

02.09.2016

Perícia apontou a presença de pesticida nas embalagens apreendidas. Homem envenenou bebida para se vingar de assaltante, diz polícia do MT.

Um laudo divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) do Mato Grosso apontou que o menino de 2 anos morto após beber um achocolatado foi vítima de envenenamento. Exames identificaram a presença de um defensivo agrícola na bebida e no material coletado do estômago da criança. Dois homens foram presos suspeitos de envolvimento no crime nesta quinta-feira (1).

 

“Foi possível localizar em todas as embalagens de duas marcas diferentes o pesticida, que também é usado pela população para matar ratos”, explicou o delegado Eduardo Botelho, da Deddica. A criança morreu no dia 25 de agosto, cerca de uma hora depois de ingerir a bebida na casa onde morava com a família, no Bairro Parque Cuiabá, na capital do estado.


A Itambé, fabricante do produto, informou em nota que, com a prisão dos dois suspeitos, ficou esclarecido que o produto não estava contaminado (leia abaixo a íntegra da nota).


Segundo a Polícia Civil, o veneno foi injetado na bebida por Adônis José Negri, 61 anos, como forma de tentar se vingar de Deul de Rezende Soares, de 27 anos - que segundo a polícia, furtava comércios e casas na região.


Adônis deve responder por crime de homicídio qualificado pelo emprego de veneno e por tentativa de homicídio. Já Deuel deve ser autuado por furto qualificado por arrombamento. Ainda segundo a polícia, caso seja confirmado que o pai da criança sabia da origem ilícita dos produtos, ele responderá por receptação.


De acordo com o laudo, Adônis teria injetado o veneno com um material pontiagudo, semelhante a uma seringa. O G1 teve acesso ao documento, que mostra o local exato onde a embalagem foi perfurada. “Ele sabia o que estava fazendo. Todos os furos seguem um padrão e foram feitos na dobradura da embalagem para não ser percebido”, afirmou o delegado.


Em depoimento, Adônis confirmou que envenenou as embalagens de duas marcas de achocolatado e as guardou na geladeira. Ele alegou que queria matar ratos em sua casa. “A ideia era se vingar, mas ele contava que o autor do furto ingerisse a bebida e não outra pessoa”, disse Botelho.


A mãe da criança, Dani Cristina dos Santos, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que encaminhou o caso para a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) para investigação.

 

( Foto G1 Mato Grosso)


Proibição de venda 
Após a morte, foi determinado o recolhimento e a proibida a venda do achocolatado Itambezinho em todo o território nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 
Nesta quinta, depois da divulgação do laudo, a Anvisainformou ao G1 que a suspensão cautelar continua, independentemente da ação policial. Segundo a agência, o lote do achocolatado não pode ser comercializado até que exames laboratoriais feitos pelo órgão comprovem que não há contaminação química.

 

Venda do achocolatado
A polícia informou que Deuel é usuário de drogas e costumava cometer pequenos furtos e roubos naquela região. Dois furtos ocorreram na casa de Adônis, como ele próprio confessou à polícia. Da última vez, ele levou as embalagens de achocolatado e as vendeu por R$ 10 para o pai do menino.


A mãe de Rhayron disse que a família passava por dificuldades financeiras e que já havia comprados outros alimentos de Deuel, que é amigo da família.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, ele tem antecedentes criminais e tinha um mandado de prisão em aberto por furto.

 

A mãe da criança diz lamentar a morte do filho e disse que espera a punição dos culpados. "A dor é muito grande. Não sei nem o que falar. Só quero que a Justiça seja feita", declarou.
Dani Cristina disse que também ingeriu um pouco da bebida e passou mal, mas não chegou a ser internada. Segundo ela, um amigo da família também provou o achocolatado, passou mal e foi internado.

 

Posicionamento do fabricante
Em nota, a Itambé, fabricante do produto, informou que com a prisão dos dois suspeitos de envenenamento ficou esclarecido que o produto Itambezinho não estava contaminado.
"A Itambé reforça que desde o dia 25/05, data de fabricação do lote em questão, já foram comercializadas mais de 5 milhões de unidades e não foram registradas reclamações de nenhuma natureza. A empresa lamenta o ocorrido, se solidariza com a dor da família e reforça seu compromisso com os consumidores brasileiros ao entregar produtos da mais alta qualidade", diz trecho da nota.

 

 

*Foto: G1 Mato Grosso.

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Fonte - G1 Mato Grosso

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